sexta-feira, 9 de setembro de 2016

TIA LÊDA

Abraçar tia Lêda era celebrar a vida. Um abraço espontâneo, gostoso, que vinha sempre acompanhado de um enorme sorriso. Ah, como era bom sentir aquela alegria toda. A alegria de quem acordava cheia de disposição para aproveitar o dia, trabalhando, cuidando da família e dos amigos. E como gostava de trabalhar essa minha tia Lêda. Não sabia ficar parada, estava sempre em movimento. E assim, com suas mãos habilidosas, transformou pedaços de feltros em lindos tapetes infantis,criou cortinas de painel, se aventurou pelo tricô e fez blusas maravilhosas. E sua máquina de costura era sua companhia inseparável. Com ela, fez para mim fantasias para vários carnavais, e eu saía de índio ou de cigano, pronto para festejar os dias de Momo junto com meus primos. Lêda adorava conversar e era mesmo amante de um bom papo, pessoalmente ou por telefone. Até hoje, ninguém sabe ao certo, o que falava tanto nas ligações diárias para sua amiga e irmã Conceição, aliás, como tinham assunto essas duas. Todo dia a conversa se estendia por minutos e minutos infindáveis e felizes. Guerreira da paz, sempre foi uma pessoa tranquila, mas sabia levantar a voz quando via uma injustiça. Teve cinco filhos amados e muito queridos, com seu eterno companheiro Jaime, e ainda adotou mais um. Vieram os netos e bisnetos, para encher a casa com mais alegria. Aliás, a casa dela sempre esteve cheia de parentes, amigos e agregados que iam chegando e fazendo parte da grande família. Uma família a quem ela soube amar como ninguém. Gostava de tudo que fosse simples e bonito, não era chegada à nada extravagante. Para ela, a beleza residia na simplicidade e perfeição de uma flor, no sorriso de uma criança, no voo de um passarinho, nas ondas do mar ou no pôr do sol. Amava a natureza e sabia lidar com a natureza de cada pessoa, tornando-se confidente e ótima conselheira. Aliás, os conselhos de tia Lêda, eram palavras de pura sabedoria, de quem tem o espírito elevado e sabe enxergar o melhor caminho em qualquer situação. Agora que ela partiu, acho que seu espírito era como se fosse um lindo jardim que brotou, jogando sementes de beleza e paz ao redor. Não é à toa que já, já, começa a primavera. Sigamos juntos, cultivando este belo jardim e distribuindo as flores que, com tanto carinho, ela cultivou. Obrigado por tudo, tia Lêda.

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