sábado, 28 de novembro de 2020

OS SUFOCOS DE UM TÍMIDO

     


     Havia uma enorme paixão e desejo em seu coração. Renato sempre fora louco pela Carol. Mas, quando estavam juntos, ele simplesmente ficava paralisado, não sabia o que falar ou o que fazer, e sempre perdia as oportunidades de se declarar. Era terrivelmente tímido, inseguro e sofria muito por isso.

     Em casa, ficava horas ensaiando diante do espelho o que deveria dizer à moça. Decorava frases, treinava gestos e atitudes de gentileza, guardava na memória histórias engraçadas e interessantes pra contar. Levava tempo se arrumando para ir à faculdade: queria passar a imagem de um cara alegre, descontraído e cheio de estilo. Tudo para chamar a atenção da sua amada.

     Só que na hora H, gaguejava e suava frio, sem conseguir chamá-la para sair. Voltava para casa arrasado.

     Um dia, vendo que não conseguia falar nada, resolveu comprar uma gargantilha prateada com a palavra LOVE. Ele deixaria o inesperado presente com ela, que certamente iria ficar surpresa mas entenderia que ele estava apaixonado.

     Passou na loja e comprou o presente. Colocou a pequena caixa dentro da mochila. Chegou na faculdade. Aliás, naquele dia Carol estava linda como nunca. Renato se aproximou da moça e conversaram um pouco. Quando ele estava abrindo a mochila para pegar o presente, o celular dela tocou: era um outro amigo, a chamando para sair. Ele ouviu os dois combinarem de se ver.

     Neste momento, Renato gelou. E, frustrado, não teve coragem de entregar a surpresa. Ao chegar em casa, completamente desiludido, achou melhor dar a gargantilha como um presente para sua mãe. Passou a noite em claro, triste e deprimido.

     Na semana seguinte, decidiu que deveria ser mais direto e escreveu um bilhete com a seguinte frase: “Você quer namorar comigo?”. Colocou o papel no bolso da camisa e o entregaria à Carol de qualquer maneira e que fosse feita a vontade de Deus.

     Quando chegou na faculdade, encontrou logo com Patrícia, uma garota chata da turma. Ela lhe pediu uma caneta emprestada. Aí aconteceu o imprevisto: quando Renato pegou a caneta que estava no bolso da camisa, o bilhete com a frase “Você quer namorar comigo?” prendeu na caneta e foi parar nas mãos de Patrícia.

     A moça deu um grande sorriso, mas Renato, percebendo a confusão em que se metera, foi logo inventando que aquele bilhete era uma brincadeira da sobrinha dele de 10 anos. Que sufoco! Patrícia não entendeu muito bem a história mas, de qualquer forma, percebeu que o bilhete não era para ela.

     Nesse momento, chegou a Carol. Patrícia foi logo contando a história do bilhete pra amiga. Renato estava vermelho, cheio de vergonha. As duas amigas riram bastante. E, para surpresa do rapaz, Carol disse:

     - Que pena que esse bilhete não era pra mim, Renato...

     O jovem abriu um sorriso enorme, de pura felicidade. Mal cabia em si de tanta alegria.

     Assim que ficou a sós com a Carol, Renato tomou coragem e disse:

     - O bilhete era pra você sim!

     E foi desta maneira que começou o namoro de um dos casais mais queridos da faculdade. 

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sábado, 21 de novembro de 2020

A PARTIDA

      
Não iria ser fácil esquecer as lembranças.

     Por muito tempo, ela havia sido feliz neste lugar. Helena chegou ainda bem jovem, com seus vinte e dois anos, cheia de planos e sonhos. É onde ela sempre se sentiu em casa, acolhida, amada e querida por todos.

     Foi ali que despertou seu interesse pela fotografia. E, se tornou uma expert no assunto, fazendo cliques incríveis, se deixando envolver por uma paixão que ia muito além de um simples hobbie. E, como boa fotógrafa, retratou com sensibilidade e talento, os momentos alegres que foram incontáveis: os aniversários, as surpresas do Natal, o brinde no Reveillon, a viagem na praia, o ursinho de pelúcia que ganhou no Dia dos Namorados, as brincadeiras com as crianças, os instantes divertidos com Mel, a cachorrinha de estimação.

     Tudo isso agora ficava para trás.

      Foi neste lugar também em que ela conheceu a maravilhosa Dona Carmem, que sempre a teve como filha e lhe ensinou receitas incríveis, delícias que ela levará consigo aonde for. As duas costumavam passar horas e horas na cozinha, conversando e trocando dicas valiosas de quem adora a culinária.

     Ali ela fez novos e grandes amigos: pessoas que chegaram trazendo diversão, carinho, bom humor, cumplicidade e apoio emocional nos dias mais difíceis. Pra falar a verdade, Helena nem sabe se todos esses queridos ainda farão parte de sua vida, que certamente não será mais a mesma.

     As ruas do bairro também iriam lhe fazer falta. A padaria onde sempre pedia um pão na chapa e um cafezinho; o barzinho onde teve os happy hour mais animados da sua vida; a sorveteria e os momentos divertidos com as crianças que sempre a trataram super bem e foram logo a chamando de tia. Até dos vizinhos e dos porteiros iria sentir falta. Sem falar na Celeste, que de cozinheira da família passou a ser uma grande amiga e confidente.

     Mas, o mais difícil, seria esquecer os deliciosos momentos a dois. Tantos instantes íntimos e felizes, tantas horas de amor e prazer, tantas risadas e surpresas maravilhosas que agora ficarão só na lembrança...

     Não é fácil encarar uma separação.  Este lugar no qual Helena viveu tanto tempo era o coração do Rafa. Aos 35 anos, o seu mundo agora era outro. Precisava caminhar sozinha, abrindo mão de tudo de bom que ali havia encontrado: uma mudança e tanto. 

     Estava de partida, sabendo que não teria mais volta. Os momentos, as pessoas, os lugares, o Rafa, já não cabiam mais na sua nova rotina. Agora é esperar o tempo passar, até que o destino lhe traga um novo coração para fazer morada. E, se Deus quiser, poderá assim ser feliz de novo. 

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sábado, 14 de novembro de 2020

A LAGARTA E A BORBOLETA

 



Acho que todos nós nascemos com potencial para voar. Faz parte da nossa natureza seguirmos em direção aos nossos sonhos.

     O tempo de espera e preparação varia de pessoa para pessoa. Alguns saem do casulo mais cedo, outros levam longos anos e há aqueles que não conseguem levantar voo.

     Nem toda lagarta vira borboleta. A vida segue seu curso e traz destinos diferentes de acordo com as escolhas e atitudes de cada um.

     O processo de transformação vem naturalmente para aqueles que souberam enfrentar os tempos difíceis com sabedoria e fé. A metamorfose sempre acontece na vida de quem, durante todo o processo, acreditou nos seus planos e entendeu que estamos aqui para evoluir a cada dia.

     Uma evolução que se mostra na forma amorosa com que tratamos as outras pessoas, dando nossa contribuição sincera e valiosa para que todos à nossa volta também possam bater asas e voar.

     Quanto mais gente feliz, fazendo belos e coloridos voos, mais gratificante se torna a vida. É nesses que a gente deve mirar, é com esses que a gente deve aprender: pessoas de bem, otimistas e alegres, que com seus exemplos de vida e superação, nos incentivam a realizar nossos planos e contribuem muito para o nosso processo de crescimento pessoal.

     Fique ao lado de quem torce por sua vitória, vibra e se sente feliz com cada passo importante que você dá em direção ao sucesso e à felicidade. Aprenda a bater asas com quem deseja te ver voando alto e enchendo a vida de cor e beleza.

     É claro, você sabe, que há muitos que se sentem incomodados com cada voo que você realiza. São aquelas lagartas que, por conta de escolhas erradas, estão longe de transformar suas vidas. E passam o tempo rastejando e sentindo inveja da alegria de quem aprendeu a bater asas e está indo cada vez mais alto.

     Sair do casulo é um processo íntimo, pessoal, de transformação dos desejos e sonhos mais acalentados em realidade. É a satisfação de viver uma vida alegre e plena, cheia de amor e conquistas.

     A família pode ajudar. Os amigos podem ajudar. Mas só você pode decidir se quer bater asas ou continuar no chão.

      Praticar o bem, acreditar em si mesmo, contribuir para a felicidade do próximo e confiar inteiramente nos planos de Deus, fazem parte deste processo de mudança.

     Entre a lagarta e a borboleta, existe o tempo de espera. A boa nova é que você pode aprender a voar em qualquer idade porque estamos todos sempre em transformação. Dê o melhor de si e confie. A vida é mais bela para quem se propõe a fazer dela um grande voo.

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sábado, 7 de novembro de 2020

O TROCO QUE EU ME DOU


    Aprendi que cobrar menos de mim mesmo é uma forma de demonstrar amor por ser quem sou. Sempre procurei fazer o melhor possível para que meus relacionamentos pessoais fossem gratificantes, mas como todo ser humano, errei muitas vezes. E costumava não me perdoar por isso.

     Não me perdoava por ter levantado a voz, não me perdoava por não ter falado palavras de compreensão. Me condenava por ter dito sim, me condenava por ter dito não. Me sentia culpado por ter tido uma atitude mais dura, me sentia culpado por ter tido um coração mole. A verdade é que, diante de um conflito, nem sempre sabemos como agir. E vamos tentando, entre erros e acertos, encontrar a paz no meio de tantos relacionamentos difíceis que estão na nossa vida.

     O troco que me dou tem a ver com cobrar menos de mim. A não esperar que eu seja sempre perfeito, a valorizar os meus limites e sentimentos, a não permitir que problemas alheios invadam a minha vida e me tirem a paz. 

     Cansei de socorrer pessoas que insistem nos mesmos erros. Cansei de ser sempre o bonzinho, o compreensivo, o tolerante, o responsável. Hoje faço o que estiver ao meu alcance para ajudar, mas sei que cada um escolhe o seu caminho. Aprendi que não posso me responsabilizar pelas más escolhas dos outros. Aviso, recomendo, aconselho, mas percebi que estava deixando de viver a minha vida pra carregar o peso de problemas que não criei e com os quais não quero me envolver tanto, a ponto de perder o meu bem mais precioso: a alegria.

     Queria encontrar uma fórmula mágica que mostrasse como ajudar os outros, sem esquecer de mim. Descobrir o ponto de equilíbrio onde eu possa ser feliz, perto de tanta gente mal resolvida, agressiva e ansiosa. Ter a sabedoria de achar a paz no meio do caos. E assim, seguir a minha vida com otimismo e gratidão.  

     Talvez tenha me tornado mais egoísta, pode ser. Mas também sei que sempre haverá colo para um amigo, atenção para quem precisa, consideração por quem eu amo. O amor que trago em mim é grande demais para que eu me torne alguém indiferente aos dramas de quem está por perto. Quero ser luz para os meus familiares e amigos, mas também quero brilhar para mim mesmo. Peço a Deus que me mostre sempre a melhor maneira de agir para que a paz venha para todos. 

     É preciso respeitar o tempo de cada um. Saber o que falar e a hora de falar. Saber o que calar e a hora de calar. Não é tarefa fácil contribuir para a felicidade de quem se ama, sem deixar de dar atenção aos seus próprios desejos e sonhos. 

     Por isso é que eu rezo. Por mim e por cada pessoa querida. Para que nos venham a paz e a sabedoria que nos permitam viver em comunhão. Há momentos em que só mesmo a fé nos socorre. 

     E eu peço para que os anjos nos inspirem num perfeito equilíbrio entre o dar e o receber. Só assim eu não me cobraria tanto e o troco que ficaria comigo seria o suficiente para ser feliz.

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