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Só mesmo um louco pra
inventar de fazer uma ponte no meio do deserto. Ligando nada a lugar nenhum.
Mas ele insistia em fazer, sabia que era necessário por mais sacrifícios que
custasse. A região era totalmente inóspita, um calor do cão, só havia muita
areia e alguns cactos perdidos, no meio daquela imensidão sem verde e sem água.
Todos o achavam um lunático, que estava delirando com aquela ideia fixa. Os
amigos fizeram de tudo para que ele desistisse desse plano maluco, pois na
opinião deles seria muito esforço e tempo gastos desnecessariamente, sem nenhum
retorno. Ele insistiu. E os problemas começaram a aparecer e se agravar.
Primeiro, entrou em conflito consigo próprio, porque de tanto ouvir os outros
falarem, talvez fosse melhor mesmo abandonar o tal projeto. Ele, devoto de
Nossa Senhora, rezou, rezou, rezou. Continuou na dúvida e ouvindo os
comentários dos amigos. Rezou mais e mais. Até que dois dias depois, entrou
numa papelaria, que também era uma loja de presentes, e o primeiro objeto que
viu foi uma ampulheta. Naquele instante, o homem teve uma sensação sublime,
indescritível, surpreendente. Era um sinal. Ele entendeu que a areia da
ampulheta era o seu deserto e ela estava caindo porque representava o tempo.
Sem dúvida, Nossa Senhora estava lhe dizendo para continuar o seu projeto, mas
que aquilo iria tomar um certo tempo, o tempo de Deus. Ele imediatamente
agradeceu à Virgem e rezou uma Ave Maria. Tocou a obra adiante, não dando
ouvidos aos amigos e familiares. Ele sabia, do fundo do coração, que era
exatamente isso que deveria fazer. E mais: era o que Deus esperava que ele
fizesse. Ele tinha uma excelente situação financeira, mas teve que abrir mão de
vários bens, imóveis, aplicações financeiras, carros, para construir a tal
ponte. Teve que contar com a ajuda de colaboradores, o que foi dificílimo
arrumar, porque o projeto era visto como inviável e inconsequente por todos.
Seria destino ou desatino? Quando estava chorando, desesperado, vendo que não
conseguiria de maneira alguma construir a ponte, apareceu, inesperadamente, um
sócio. O cara conhecia a situação dele e resolveu ajudá-lo porque era o único a
acreditar no plano e sabia que poderia dar uma boa contribuição. Novamente, o
homem agradeceu a Nossa Senhora pela misericórdia da Santa. O tempo passou e,
aos poucos, a ponte foi surgindo. Ele trabalhava e agradecia. Todos estavam
admirados com sua calma e determinação. Até que mais uns meses se passaram e a
ponte finalmente ficou pronta. O homem estava incrivelmente feliz, porque havia
recuperado o seu filho das drogas. Eles antes haviam discutido muito, o rapaz
de vinte e poucos anos começou a roubar dentro e fora de casa, se tornou muito
agressivo, pondo em risco a vida da família, caso não tivesse dinheiro para
sustentar o vício. Parou de estudar. Só andava com marginais e planejava
assaltos. Um dia, o rapaz saiu de casa e nunca mais voltou. O pai estava no
deserto e queria construir uma ponte ligando o coração dele ao coração do
filho, para que este retornasse à casa. O homem procurou uma instituição de
ajuda a familiares de dependentes de drogas, que lhe deu dicas e informações
que o levaram a localizar o filho – era o sócio que tanto precisava. Os amigos
achavam que o filho era um caso perdido porque o rapaz andava armado e havia
destruído tudo dentro de casa. Mas a vontade de Deus faz o impossível
acontecer. Quando se pede com amor e devoção, se este pedido estiver nos planos
do Senhor, as bênçãos vêm. Não há deserto que Deus não atravesse, não há ponte
que Deus não construa. Acredite sempre no poder do amor.
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