domingo, 7 de agosto de 2016

A PONTE

Só mesmo um louco pra inventar de fazer uma ponte no meio do deserto. Ligando nada a lugar nenhum. Mas ele insistia em fazer, sabia que era necessário por mais sacrifícios que custasse. A região era totalmente inóspita, um calor do cão, só havia muita areia e alguns cactos perdidos, no meio daquela imensidão sem verde e sem água. Todos o achavam um lunático, que estava delirando com aquela ideia fixa. Os amigos fizeram de tudo para que ele desistisse desse plano maluco, pois na opinião deles seria muito esforço e tempo gastos desnecessariamente, sem nenhum retorno. Ele insistiu. E os problemas começaram a aparecer e se agravar. Primeiro, entrou em conflito consigo próprio, porque de tanto ouvir os outros falarem, talvez fosse melhor mesmo abandonar o tal projeto. Ele, devoto de Nossa Senhora, rezou, rezou, rezou. Continuou na dúvida e ouvindo os comentários dos amigos. Rezou mais e mais. Até que dois dias depois, entrou numa papelaria, que também era uma loja de presentes, e o primeiro objeto que viu foi uma ampulheta. Naquele instante, o homem teve uma sensação sublime, indescritível, surpreendente. Era um sinal. Ele entendeu que a areia da ampulheta era o seu deserto e ela estava caindo porque representava o tempo. Sem dúvida, Nossa Senhora estava lhe dizendo para continuar o seu projeto, mas que aquilo iria tomar um certo tempo, o tempo de Deus. Ele imediatamente agradeceu à Virgem e rezou uma Ave Maria. Tocou a obra adiante, não dando ouvidos aos amigos e familiares. Ele sabia, do fundo do coração, que era exatamente isso que deveria fazer. E mais: era o que Deus esperava que ele fizesse. Ele tinha uma excelente situação financeira, mas teve que abrir mão de vários bens, imóveis, aplicações financeiras, carros, para construir a tal ponte. Teve que contar com a ajuda de colaboradores, o que foi dificílimo arrumar, porque o projeto era visto como inviável e inconsequente por todos. Seria destino ou desatino? Quando estava chorando, desesperado, vendo que não conseguiria de maneira alguma construir a ponte, apareceu, inesperadamente, um sócio. O cara conhecia a situação dele e resolveu ajudá-lo porque era o único a acreditar no plano e sabia que poderia dar uma boa contribuição. Novamente, o homem agradeceu a Nossa Senhora pela misericórdia da Santa. O tempo passou e, aos poucos, a ponte foi surgindo. Ele trabalhava e agradecia. Todos estavam admirados com sua calma e determinação. Até que mais uns meses se passaram e a ponte finalmente ficou pronta. O homem estava incrivelmente feliz, porque havia recuperado o seu filho das drogas. Eles antes haviam discutido muito, o rapaz de vinte e poucos anos começou a roubar dentro e fora de casa, se tornou muito agressivo, pondo em risco a vida da família, caso não tivesse dinheiro para sustentar o vício. Parou de estudar. Só andava com marginais e planejava assaltos. Um dia, o rapaz saiu de casa e nunca mais voltou. O pai estava no deserto e queria construir uma ponte ligando o coração dele ao coração do filho, para que este retornasse à casa. O homem procurou uma instituição de ajuda a familiares de dependentes de drogas, que lhe deu dicas e informações que o levaram a localizar o filho – era o sócio que tanto precisava. Os amigos achavam que o filho era um caso perdido porque o rapaz andava armado e havia destruído tudo dentro de casa. Mas a vontade de Deus faz o impossível acontecer. Quando se pede com amor e devoção, se este pedido estiver nos planos do Senhor, as bênçãos vêm. Não há deserto que Deus não atravesse, não há ponte que Deus não construa. Acredite sempre no poder do amor.

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