Eu ajudo. Sempre que posso dou um trocado, um
sanduíche, roupas ou tênis. Um mendigo também é uma pessoa cheia de sonhos, que
busca a felicidade tanto quanto você. Só que teve menos sorte. Nasceu pobre,
não tem instrução, não sabe o que é uma sala de aula. Vive perambulando pela
rua atrás de um prato de comida. Revira lixo como se ali fosse encontrar ouro.
Dorme ao relento, quer chova ou não. Sente frio, sente medo. E fede. Porque não
existem cuidados com a higiene. Diante de tanta miséria, se torna vítima fácil
do álcool e das drogas. Muitos roubam, é verdade. E vários ainda são roubados,
vítimas de outros meninos de rua. Não têm identidade, não têm conta pra pagar,
não têm roupa pra usar. Não têm emprego. Não têm vez. Fico pensando como deve
ser o lado emocional dessa pessoa, talvez mais carente de afeto, que de comida.
Fazem sexo como animais, porque nunca tiveram educação, família, um lar. E o
resultado: são mais meninos e meninas de rua. Pedintes. Implorando uma vida
nova, por favor, enquanto limpam o vidro do carro, vendem bala, ou guardam a
vaga pra você estacionar. Um mendigo é o lado podre da sociedade. É o absurdo
desse país de contrastes onde moradia, educação, saúde, trabalho e lazer se
tornaram artigos de luxo para muitos. Adoro animais, mas vejo muitas pessoas
que gostariam ter vida de cachorro. Sim, porque um cão de raça é muito mais
feliz que um pobre coitado que perambula pelas ruas. Eu acredito que todo ser
humano tem algo a ensinar. Você também pode aprender algo com um mendigo: a ser
mais grato pela vida que você leva, a reclamar menos dos problemas, a se tornar
mais forte, a aprender a se virar sozinho, a não se preocupar tanto com o
futuro porque um morador de rua vive cada dia como se fosse o último. Eu ajudo moradores
de rua sim. Os sorrisos mais bonitos que eu já vi vieram de mendigos quando
recebem um bom trocado. Os olhos brilham de felicidade, o sorriso toma conta de
todo o rosto e, nessa hora, eles sempre falam em Deus: Deus te abençoe, Deus te
dê muita felicidade, Deus cuide da sua vida... É porque, nesse momento, Deus
está presente. Um ato de amor nunca passa despercebido do céu. Acho linda e apoio
qualquer iniciativa para ajudar moradores de rua. Como a iniciativa do Papa
Francisco, que colocou lavanderias grátis nas ruas mais sujas de Roma. Ter a
roupa limpa significa recuperar a autoestima. Um bom banho lava a alma também.
Tomara que outras prefeituras façam o mesmo e os moradores de rua possam, ao
menos, ter dignidade. É muito triste ver um ser humano sofrendo assim. E, o
pior, que já virou uma cena tão banal nas grandes cidades, que nem nos
comovemos mais. Apenas passamos, indiferentes e amedrontados, na correria do
dia a dia. Que Deus ilumine nossos corações endurecidos, para que a vida desses
miseráveis receba um pouco de afeto, de
alegria, de atenção e de pão. O pão deles de cada dia. Amém!
domingo, 19 de novembro de 2017
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