sábado, 7 de agosto de 2021

GRATIDÃO TAMBÉM SE APRENDE


Estava angustiado em casa, com a cabeça cheia de problemas. Me sentia desanimado, pessimista e, por mais que tentasse, não conseguia relaxar: pensamentos acelerados e negativos invadiam a minha mente, o que só aumentava a minha ansiedade.

     Tentei deitar, mas não consegui pegar no sono. Fiz de tudo pra me acalmar e diminuir a tensão: procurei ouvir uma música suave, tentei me concentrar numa boa leitura, tomei um banho morno, comi um chocolate e nada. A respiração continuava ofegante, o coração batia acelerado e uma terrível dor de cabeça aumentava ainda mais o meu sofrimento. Definitivamente, eu não estava bem.

     Até que eu tive a ideia de pegar o terço e começar a rezar. Em silêncio no quarto, entre orações e súplicas, pedi a Deus para encontrar a paz. Chorava baixinho enquanto ia passando as contas e orando, sendo tomado pela emoção. Ao terminar o terço, bebi um copo d’água e resolvi olhar pela janela da sala. O dia estava lindo, o céu azul era um convite para dar uma volta. Nesse momento, me veio a ideia iluminada de ir pra rua e respirar um pouco de ar, pois me sentia sufocado dentro do apartamento.

     Desci. Assim que cheguei na esquina, dei de cara com o João. Um morador de rua, magérrimo, que não tem uma perna e anda de muleta. Estava ali no ponto de ônibus, com alguns pacotes de bala pra vender. Eu já o conhecia do bairro, mas encontrá-lo ali, naquele momento, foi diferente.

     Me senti envergonhado de mim mesmo, ao ver aquele homem, tão pobre e tão sofrido, exercendo, cheio de dignidade e disposição, a sua tarefa de vender balas, com um grande sorriso no rosto.

     Aquilo funcionou como um verdadeiro tapa na minha cara, me fazendo acordar e perceber tudo de lindo que tenho em minha vida. O quanto tenho a agradecer por ter saúde, família, casa, conforto. De repente, os grandes problemas que me angustiavam se tornaram pequenos. E senti um alívio imenso por ser quem eu era, estar aonde estava, viver o que vivia. Naquele instante, orei um Pai Nosso baixinho e pedi perdão a Deus pelas minhas fraquezas.

     Resolvi me aproximar do João. Puxei conversa e lhe dei um bom trocado. Ele me agradeceu com um enorme sorriso e disse que aquele dinheiro vinha em ótima hora, porque as vendas estavam fracas naquele dia. Mal sabe que foi ele quem mais me ajudou, me trazendo a paz que eu tanto buscava.

     O ônibus que o João estava esperando chegou. Lhe dei um abraço e disse que contasse comigo sempre.

     Voltei pra casa tranquilo, com uma paz imensa no coração. Percebi que Deus tem formas surpreendentes e maravilhosas de nos ensinar o que é sentir gratidão.

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